sábado, 1 de outubro de 2016

MEMÓRIA: Dr. Francisco Miguéns, nisense ilustre

O doutor Francisco da Graça Miguéns, médico notável e bondoso, nasceu em Nisa, a 2 de Abril de 1854, filho de Brás Miguéns Beato e de Maria da Cruz. Exerceu durante 34 anos com grande amor, sentido profissional e exemplar dedicação à sua terra e às populações do concelho, o cargo de médico municipal.
Frequentou o Liceu de Santarém onde se revelou como um aluno brilhante. Formou-se em Medicina e Filosofia na Universidade de Coimbra, tendo conquistado diversos prémios e distinções. Após a obtenção do seu diploma universitário, foi convidado pelo Corpo Docente da Universidade para prosseguir como professor de Medicina naquele prestigiado estabelecimento de ensino, convite que declinou, tendo preferido voltar à sua terra, sendo nomeado médico municipal a 11 de Agosto de 1880, tomando posse do cargo nesse mesmo dia.
Desde Agosto de 1880 e durante 34 anos, o doutor Francisco da Graça Miguéns, trabalhou com desvelo, bondade e abnegação, mostrando sempre a mesma disponibilidade para tratar dos seus conterrâneos e acudindo a todas as situações para que fosse solicitado, tanto de dia como de noite.
Tendo em conta os serviços relevantes prestados ao concelho, a Câmara Municipal decidiu, em 24 de Julho de 1919, atribuir o nome do ilustre médico e benemérito à antiga Rua Direita e colocar o seu retrato no salão nobre dos Paços do Concelho, de onde foi retirado por expressa solicitação do próprio clínico.
Vítima de doença, faleceu a 10 de Outubro de 1933.
Nisa- Rua Dr. Francisco Miguéns (antiga Rua Direita)
Foi homenageado a 29 de Maio de 1945 com a inauguração de um busto, belo e simples, no Jardim Municipal de Nisa, que fica a recordar às gerações de nisenses, a figura humilde e bondosa do Dr. Francisco Miguéns.
Dr. Francisco da Graça Miguéns
Viveu a sua vida sossegada,
Entregue ao bem e ao culto da ciência,
E quando a morte veio - a consciência
Tinha a pureza e a luz duma alvorada.

Sua alma foi, na terra, a enamorada
De tudo o que há de belo na existência,
Do Ideal atinge a região imaculada.

E sempre em torno dele, suavemente,
Um murmúrio de prece esvoaçou:
- Era o coro de bênçãos, puro e ardente,

De tantas criancinhas que afagou,
De tanto pobrezinho e tanto doente
Que o seu coração de oiro consolou.
Dias Loução (12/10/1933)